Megadeth – Espaço das Américas

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[Texto publicado originalmente no webzine Portal do Inferno]

Foto: Yuri Murakami

De acordo com Dave Mustaine, o líder do Megadeth, o número 13 é uma constante em sua vida. É sua data de nascimento e a idade com a qual começou a tocar. Ao lançar seu 13º disco, nomeou-o de “Th1rt3en” e nele há 13 faixas, com a última tendo o nome de 13. E como ele mesmo comentou no show, lá estava novamente o número perseguindo por ele, sendo essa a 13ª apresentação do grupo em terras brasileiras.

Impressionantemente bem humorado, disse que isso significava que nenhuma outra banda de metal amava os brasileiros a ponto de vir tantas vezes. Algo que para alguns é motivo para as velhas piadas de “vai comprar uma casa aqui”, se tornou motivo de alegria para os fãs fiéis que, mesmo sabendo quase em cima da hora que a apresentação não traria o disco “Youthanasia” na íntegra, compareceu em bom número ao Espaço das Américas no último domigo.

Se o disco não foi executado por completo, além de “A Tout Le Monde” que é uma presença quase garantida em todos os shows, os brasileiros tiveram a oportunidade de ouvir “Reckoning Day”, “The Killing Road” e a faixa-título do disco. Tal fato não pareceu incomodar muito a plateia que, claramente, se renovou ao longo dos anos: era possível ver muitos jovens no local que aparentavam, com muita empolgação, estar em seus primeiros shows.

Para eles, provavelmente o set que se concentrou em material dos primeiros álbuns e, principalmente, do “Rust In Peace”, preencheu todas as expectativas. Músicas como “Holy Wars”, “Peace Sells” e “Hangar 18”, que abriu a noite, provavelmente jamais sairão do setlist. Dessa forma, pouco espaço restou para algum material mais recente. Apenas a faixa “Kingmaker” do fraco “Super Collider” se fez presente. Ou se contar, um trecho de “Prince of Darkness” do renegado “Risk” serviu de introdução para a noite.

Impecáveis, cada membro da banda cumpriu bem seu papel. Fiel escudeiro de Mustaine, o baixista David Ellefson interagiu bem com os presentes, enquanto Shawn Drover, agora o baterista que mais tempo permaneceu na banda, fez o que era esperado. Impressionante, Chris Broderick se mostrou a escolha acertada para o grupo ao executar fielmente os solos dos guitarristas anteriores, de forma exemplar, com destaque para o de “Tornado of Souls” e de “Holy Wars”.

Aqueles que haviam ficado com alguma má impressão depois da apresentação do ano passado na abertura para o Black Sabbath, onde o som prejudicou a banda, foram recompensados dessa vez. Não só pela qualidade sonora, como visual da noite com uma produção de palco muito bem feita. E agora já devem estar marcando em suas agendas que para o ano que vem, provavelmente, o Megadeth deve retornar para, aí sim, executar o “Youthanasia” na íntegra. E quem sabe, futuramente, por que não esperarmos turnês para o “Cryptic Writings” ou, até mesmo, para o “Risk”?

Setlist:
Hangar 18
Reckoning Day
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Set the World Afire
Sweating Bullets
She-Wolf
Dawn Patrol
Poison Was the Cure
Youthanasia
Trust
Tornado of Souls
A Tout Le Monde
Kingmaker
The Killing Road
Peace Sells
Symphony of Destruction
Bis:
Holy Wars… The Punishment Due