Megadeth – Espaço das Américas

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[Texto originalmente publicado no webzine Portal do Inferno]

O que leva tantos fãs a encher a maior casa de shows de São Paulo em um domingo para ver uma banda que está fazendo sua 14ª turnê no país, sendo que entre 2010 e 2014, houveram shows todos os anos?

A resposta pôde ser encontrada em toda a apresentação do Megadeth em São Paulo no último domingo. Não era somente a curiosidade ou orgulho de ver o brasileiro Kiko Loureiro em sua primeira passagem pelo país como guitarrista de um dos maiores nomes do heavy metal e sim todo o evento.

Abrindo com “Hangar 18”, a banda fez os presentes esquecerem em segundos os 40 minutos de atraso do show com o festival de solos da canção. Porém, foi na terceira música que a “prova de fogo” aconteceu. Todo guitarrista que substituiu Marty Friedman sempre foi julgado pela sua capacidade em executar o solo de Tornado of Souls. Aprovado com louvor, Kiko foi homenageado sendo referenciado com um coro de referências a um conhecido seriado mexicano completamente idolatrado por aqui. Além disso, a música foi dedicada ao ex-baterista Nick Menza, falecido recentemente.

Seria ufanismo demais somente elogiar Kiko e esquecer da excelente adição que foi Dirk Verbeuren (ex-Soilwork) ao grupo. Mesmo sem participar das composições de “Dystopia”, que formaram a maior parte do setlist, seu estilo trouxe, junto de Kiko, vida a uma banda que diversas vezes soou mecânica na última década enquanto contou com Chris Broderick e os irmãos Drover. Fosse nas novas canções ou nos clássicos que as intercalavam houve ali, muito graças ao belga e ao brasileiro, uma renovação que só fez bem.

Essa nova energia que ambos trouxeram fez até com que os momentos altamente manjados e repetitivos de um show do Megadeth, como o final com as variações de ordem entre “Symphony of Destruction”, “Peace Sells” e, claro, “Holy Wars” soassem revigorados com direito a, entre elas, uma surpresa prometida que revelou-se ser “Mechanix”, não tocada pelo grupo há anos.

Com isso, sagrou-se aquela que foi, talvez à exceção da turnê comemorativa do disco “Rust In Peace”, o melhor show do grupo em São Paulo, provando que uma banda pode vir repetidas vezes se a experiência de assisti-lá vale a pena todos os custos e esforços envolvidos.

Setlist:

Hangar 18
The Threat Is Real
Tornado of Souls (Dedicada a Nick Menza)
Poisonous Shadows
Rattlehead
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Conquer or Die!
Fatal Illusion
She-Wolf
Dawn Patrol
Poison Was the Cure
Sweating Bullets
A Tout Le Monde
Trust
Post American World
Dystopia
Symphony of Destruction
Peace Sells

Bis:
Mechanix
Holy Wars… The Punishment Due