30 Seconds To Mars – Espaço das Américas

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[Matéria publicada originalmente no Território da Música/Rock Online]

Um show memorável para um fã sempre tem um quê de sofrimento envolvido. É um princípio da catarse, segundo Aristóteles, no qual uma pessoa alcança a purificação através de um evento emocional forte. E como em um culto, os fãs do Thirty Seconds To Mars alcançaram seu estado de graça com a apresentação da banda no Espaço das Américas, ontem, na capital paulista. 

É uma pergunta comum a Jared Leto em entrevistas sobre essa dedicação quase religiosa dos fãs ao grupo e quase como um messias (de barba, cabelo longo, bata e roupas brancas, além de uma coroa dourada), ele guiou a plateia que respondia como se o absurdo calor que enfrentaram na fila durante o dia e então dentro da casa, além de todo o resto, não existisse. 

O tom épico da noite foi dado com a música utilizada para introdução, “O Fortuna” da ópera Carmina Burana e entre gritos escandalosos e alguns fãs desmaiando e sendo retirados pelos bombeiros, o Thirty Seconds To Mars subiu ao palco e inciou a noite com “Up In The Air” e a partir dali toda a devoção brasileira pode ser vista. Entre as bandeiras em mastros na pista premium, e gritos pedindo canções como “This Is War”, de onde diversas bexigas gigantes voaram pela casa, ou participando com seus celulares em “City of Angels”, é invegável o amor que os fãs têm pelo grupo americano.

Leto, um excelente frontman, sabe muito bem disso e comanda todos ali com facilidade. Inquieto, não parou um minuto pelo palco e a pequena passarela na frente. Arrancou gritos e suspiros ao retirar a bata e reclamar do calor da casa, além de aplausos ao pedir que dessem água para os fãs que precisassem pois eles pagaram caro para estar ali. Esperto também, fez seu lobby com o público ao perguntar sobre a futura edição do Rock In Rio e incentivar a ideia de uma petição pedindo o retorno do grupo ao evento. E claro, conectado com seus fãs, gravou um vídeo da plateia perguntando em qual rede social deveria postá-lo e se deveria escrever “Brasil” com “s” ou “z”.

Após uma breve parte acúsica no meio da apresentação que teve uma bela participação do público cantando o refrão de “The Kill (Bury Me)” a capela, a banda se juntou à frente do palco para “Bright Lights” e na sequência tocar “Attack”, ovacionada por todos. Para encerrar a noite ainda vieram “From Yesterday” e “Vox Populi”. 

E antes da última canção, enquanto Jared chamava dezenas de fãs para o palco, o restante do grupo tocou um breve trecho de “Cowboys From Hell” do Pantera arrancando alguns sorrisos extras para então fechar a noite sob aplausos e muitos gritos com “Closer To The Edge” recompensando toda a veneração e fidelidade demonstrada pelos fãs à banda, que se o lobby feito der resultado, voltará em breve ao País.